sábado, 23 de dezembro de 2023

Fahrenheit 451, de Ray Bradbury




Terminando de ler este clássico da literatura, novamente pensei em como utilizar nas aulas de Sociologia essa distopia, de Ray Douglas Bradbury, publicada em 1953. Eu li a versão de bolso da Editora Globo, de 2009.

O livro impressiona em vários aspectos que fazem pensar na sociedade: a possibilidade de uma sociedade conduzida pelos meios de comunicação de massa como únicas fontes de informação e entretenimento, pelo sensacionalismo midiático e os já possíveis reality shows com a desgraça alheia; consequentemente, das fakenews; De casas em que as telas de TV são prioridades; O passado e a própria memória sobre as coisas ou sobre a história não é mais importante; Da possibilidade de guerras constantes, mas que os cidadãos não sabem o que está acontecendo e nem querem saber, apenas são convocados para participarem; De se apresentar apenas um lado da moeda (ou nenhum), para que a reflexão e a dúvida não aconteçam (seria a falsa paz de espírito), como diz Beatty: "(...) Encha as pessoas com dados incombustíveis, entupa-as tanto com "fatos" que elas se sintam empanturradas, mas absolutamente "brilhantes" quanto a informações. Assim, elas imaginarão que estão pensando, terão uma sensação de movimento sem sair do lugar. E ficarão felizes, porque fatos dessa ordem não mudam. Não as coloque em terreno movediço, como filosofia e sociologia, com que comparar suas experiências (...)" (p.92-93).

Hoje, tendo como referência os anos de 2022 e 2023, a Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio no Paraná estão com menos espaço na grade curricular, como se dissessem: "para que confundir os estudantes, para que pensar, o importante é o fazer, é o emprego, é o prazer e a felicidade".

Mas, toda a história trata do fato dos bombeiros queimarem os livros, dos livros serem proibidos por trazerem ideias, afinal, as ideias não são mais necessárias. E o que mais assusta, é que o movimento de deixar de ler veio das próprias pessoas, como diz Faber: "(...) O próprio público deixou de ler por decisão própria. (...)" (p.127). O governo apenas aproveitou a situação e proibiu de vez a produção, circulação e armazenamento de livros.

Daí a necessidade de se defender a importância de ler, de divulgar a leitura, de demonstrar para todos, em especial aos estudantes, como é importante dedicar um tempo da nossa vida para isso e como a mesma pode nos ajudar a sermos pessoas melhores, a termos outras perspectivas em relação a diversos temas, a conhecermos mais histórias, enfim, ler é sempre importante.

Talvez, o mais desafiante do livro Fahrenheit 451 seria a sugestão de cada pessoa decorar um livro e ser o representante do mesmo neste mundo em que os livros são queimados. Daí me pergunto: Qual livro eu iria decorar?

No final da edição publicada pela Globo, existe um Suplemento de Leitura que sugere algumas atividades, em relação ao: I. Texto (com 13 perguntas de interpretação e compreensão do texto); II. Linguagem (referente aos meios de comunicação e da personagem Midred - a linguagem é reduzida ao mínimo possível de palavras); III. Redação (sugerindo a produção de textos, a partir de algumas ideias do livro); IV. Pesquisa (sobre distopias, sobre a Escola de Frankfurt, sobre a biografia de Bradbury e o contexto histórico norte-americano, e filmes que tratem de sociedades futuras); V. Atividades interdisciplinares; e VI. Sugestões de leitura (sugerindo apenas dois livros: Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, publicado em 1932, e o livro 1984, de George Orwell, publicado em 1949); VII. Sugestões de filmes (com três sugestões: o próprio Fahrenheit 451, de François Truffaut, de 1967 e o 1984, de Michael Radford, de 1984, e Admirável mundo novo, de Leslie Libman e Larrry William, de 1998; em 2018 é lançado uma nova versão de Fahrenheit 451, de Ramin Bahrani).

Referência

Bradbury, Ray. Fahrenheit 451: a temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima. Tradução Cid Knipel. São Paulo: Globo, 2009 (Coleção Globo do bolso).