Nossa Sra. do Amparo |
A devoção a Nossa Senhora do Amparo nesta região de Rio Branco do Sul é antiguíssima.
O
historiador José Carlos Veiga Lopes (2007, p.802) descreve que a
denominação de Nossa Senhora do Amparo aparece nos primeiros registros
de terras e recenseamento na região de Curitiba, chamadas de listas de ordenanças:
Na lista de ordenanças da vila de Curitiba do ano de 1790 encontramos a povoação da Ribeira de Nossa Senhora do Amparo, onde era capelão Frei Antonio da Natividade Silva; Na lista de 1793 era denominada Povoação Nova de Nossa Senhora do Amparo e havia cerca de cinquenta casas. Na lista de 1798, também era chamada de povoação de Nossa Senhora do Amparo que ficava em local que depois veio a chamar-se Votuverava.
Em
12 de janeiro de 1829 a localidade de Votuverava foi elevada a capela
curada, e que teria celebrações regulares sob a responsabilidade do
Padre Antonio Teixeira Camelo.
Após
a criação da Província do Paraná em 1853, Votuverava logo é elevada a
categoria de freguesia, que significava também se tornar uma paróquia.
Foi a Lei n.º 30, de 7 de abril de 1855, que criou a freguesia de Nossa Senhora do Amparo de Votuverava, no município de Curitiba. Era pároco o Padre João Batista Ferreira Bello, que também atendia a São José dos Pinhais.
Pela
Lei n.º 262, de 3 de abril de 1871 Votuverava foi elevada à categoria
de município. Foi pedido para que o vigário residisse na localidade, mas
isto não aconteceu. A igreja matriz de Votuverava era muito precária.
E de acordo com o livro “Diocese de Curitiba, 1892 – 1992, 100 anos”,
a imagem atual de Nossa Senhora do Amparo teria sido entronizada em
Votuverava a 12 de agosto de 1887. Época em que atendia esta paróquia o
Padre Antonio Joaquim Ribeiro, que teria refeito toda a igreja matriz
(em sua homenagem tem-se a Rua Padre Ribeiro no centro de Rio Branco do Sul). Padre Ribeiro vinha de Curitiba atender Votuverava e região, e também residia em Votuverava.
Para
o historiador Celso Lima, foi o agrimensor Alfred Von Der Osten, de
Cerro Azul, que mandou esculpir, em madeira, uma imagem da padroeira,
vinda da Alemanha, a qual foi colocada na Igreja de Votuverava. Pois, ao
fazer trabalhos de medição de terras na localidade, teria sido vítima
de uma picada de cobra, e por não haver recursos médicos, apelou para
Nossa Senhora do Amparo, e prontamente foi atendido, sendo curado.
Em
21 de fevereiro de 1908 a sede do município de Votuverava foi
transferida para Rocinha (que passou a denominar-se Vila Rio Branco). Em
1 março de 1909 é inaugurada a estação ferroviária de Rio Branco. E
diante do declínio da localidade de Votuverava, Dom Francisco Braga,
bispo de Curitiba, autorizou em 14 de agosto de 1911 a transladação da
imagem de Nossa Senhora do Amparo, também para a Rocinha, que tinha como
padroeiro São Sebastião. Em 1911, atendia a paróquia de Votuverava o
Padre Martinho Maiztegui, missionário espanhol claretiano, que vinha da
Igreja Imaculado Coração de Maria, em Curitiba, atendendo também
Almirante Tamandaré e Assungui.
Diz
a lenda que Nossa Senhora do Amparo iria ser levada a Cerro Azul. Mas,
as famílias que iriam conduzí-la para lá ao pararem na nascente próxima
da antiga igreja, tiveram de interromper a viagem devido a uma forte
chuva. Neste momento, dois adolescentes falaram que Nossa Senhora queria
ser levada à localidade de Rocinha (Vila Rio Branco). E que seriam
estes meninos que levariam o andor.
Esta
história, contada de formas diversas por muitos moradores de Rio Branco
do Sul, revela um fato importante, que Nossa Senhora do Amparo não quis
abandonar a localidade que há séculos está a proteger.
Em
1933 passam a atender a região de Rio Branco, Assungui e Almirante
Tamandaré os freis capuchinhos, que residiam no bairro Mercês em
Curitiba. E em 9 de janeiro de 1943 foram lançados os alicerces da atual
Igreja Matriz, sob a orientação do Pároco Padre Frei Ivo Barnabé da
Guarda Veneta, e inaugurada em 1947. Um santuário digno a Nossa Senhora
do Amparo e a São Sebastião.
E assim, a “nova” Paróquia de Nossa Senhora do Amparo
foi recriada no dia 26 de abril de 1944, por Dom Ático Euzébio da
Rocha, abrangendo o território das ex-paróquias de Votuverava e Assungui
de Cima (A paróquia de Assungui de Cima foi criada em 18 de agosto de
1887, mas também não teria residido Padre).
No
dia 14 de agosto de 1961, Padre Frei Eugênio Nichele, pároco de Rio
Branco do Sul, fez uma grande festa comemorando os 50 anos do translado
de Nossa Senhora do Amparo.
Portanto,
Rio Branco do Sul tem um ícone religioso com mais de 100 anos. Mas,
principalmente, a presença de Nossa Senhora do Amparo protegendo essa
região é de mais de 200 anos.
E
no dia 14 de agosto de 2011 comemora-se o seu centenário em Rio Branco,
com a tradicional festa. Agora sob a orientação do Pároco Padre Edilson
Lima, diocesano. Sem dúvida, Nossa Senhora do Amparo continua a
interceder junto a Jesus pela região de Rio Branco do Sul.
Referências:
CONHEÇA RIO BRANCO DO SUL, Uma edição do Jornal Raio X e Celso Lima.
DIOCESE DE CURITIBA, 1892 – 1992, 100 anos.
LIVRO TOMBO. Paróquia São Pedro Apóstolo – Itaperuçu.
LOPES, José Carlos Veiga. Aconteceu nos Pinhais: subsídios para a história dos municípios do Paraná: tradicional do Planalto. Curitiba: Editora Progressiva, 2007.
Contribuição: Alessandro Cavassin Alves
Votuverava elevada a Freguesia
Votuverava elevada a categoria de freguesia pela Lei n.30 de 7 de abril de 1855.
Sobre a população em Votuverava no ANO de 1854
Fonte: PARANÁ, Relatório do Presidente da Província do Paraná, O Conselheiro Zacarias de Góes e Vasconcellos, na abertura da Assembléia Legislativa Provincial, em 15 de julho de 1854, Curityba, Typ. Paranaense, 1854.
Em 1854 Votuverava possuía 14 Quarteirões; sua população era composta de: Homens, 1070 e Mulheres, 948; O número de quarteirões é igual ao de Campo Largo; as Idades: até 21 anos 1255 pessoas; até 40 anos, 531 e mais de 40 anos 232; solteiros 1390; casados 569 e viúvos, 59. O número de homens ser maior que de mulheres e de uma população jovem pode significar um local de exploração, ou de chegada de novas pessoas 'aventureiros'; comparando com Campo Largo, esta localidade tinha mais mulheres que homens; Votuverava possuía uma população significativa, comparando que Curitiba tinha 3433 homens e 3358 mulheres; e a presença de escravos demonstra também fazendas de produção na região.
Cores: brancos, 1060; mulatos, 815; pretos, 143; escravos, 126; soma, 2018.
Ao todo foram citadas 19 localidades existentes no Paraná em 1854; Votuverava ficou em 11º em população.
Havia uma cadeira de instrução das letras primárias do sexo masculino em Votuverava, mas sem a menção do Professor.
No Documento G – Relação das Cadeiras de Primeiras Letras da Província do Paraná
Sexo: Masculino; município: capital; distrito de instrução pública: Votuverava; nome do Professor: José Duarte de Castro; Natureza do provimento: definitivo; Secretaria de Governo em 01 de fevereiro de 1855.
A região de Votuverava era muito significativa para a nova Província do Paraná, neste sentido, o Presidente Zacarias de Góes e Vasconcellos logo a elevou a categoria de freguesia, a já existente Capela curada de Votuverava.
Contribuição: Alessandro Cavassin Alves
Contribuição: Alessandro Cavassin Alves
Descrição histórica maravilhosa!!! Parabéns ao autor.
ResponderExcluirQue história linda e que riqueza de detalhes e estatística para a época. Não sabia que essa região era tão desenvolvida.
ResponderExcluirAlguém tem informações sobre a família "dos Santos Vaz" dessa região… São meus antepassados. Grato desde já.
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