segunda-feira, 11 de março de 2024

História da Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo de Itaperuçu – Paraná

PARÓQUIA SÃO PEDRO APÓSTOLO - ITAPERUÇU - Arquidiocese de Curitiba - Paraná

Por Alessandro Cavassin Alves

Igreja de São Pedro Apóstolo - Itaperuçu - Paraná - 1963


Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo - Itaperuçu - Paraná - 2000
Altar e pintura na Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo - Itaperuçu - Paraná - 2000

A localidade de Itaperuçu é muito antiga. Há registros de moradores na região desde o século XVIII. Com a formação e o surgimento das povoações, as primeiras capelas e igrejas foram sendo levantadas. Em Itaperuçu, antes da atual Igreja Matriz em alvenaria, havia uma pequena Capela de madeira, denominada de São Pedro Apóstolo. 

Não se sabe ao certo a sua data de construção (pesquisa que ainda precisa ser realizada). E, de acordo com moradores antigos, ela se encontrava no mesmo terreno da atual igreja, porém, um pouco mais a direita desta e mais próxima à rua (rua que tem como nome São Pedro).

A partir de 1927 começam a atender esta comunidade de Itaperuçu os Padres Freis Capuchinhos, pois assumiram a paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Votuverava, do Assunguy e de Almirante Tamandaré. Itaperuçu pertencia ao município de Votuverava, depois denominado de Rio Branco do Sul, até o ano de 1990, quando alcançou sua emancipação política.

Na década de 1930 os Frei Capuchinhos pediram para a comunidade de Itaperuçu, da capela São Pedro Apóstolo, a abertura de um livro Caixa de registro econômico e demais atividades. É um livro que demonstra que a comunidade tinha uma vida religiosa ativa e que precisava registrar suas atividades. Itaperuçu, nesta década, era uma pequena comunidade, mas com uma estrutura de comércio, tropeiros e muitas famílias de agricultores. Além da ligação com Curitiba, via linha férrea, inaugurada desde 1909.

E é tradicional a festa a São Pedro Apóstolo em Itaperuçu, celebrada anualmente, tendo o dia 29 de junho como referência, de acordo com os registros no Livro Tombo da comunidade.

Foi na década de 1950 que novos rumos tomaram esta capela de madeira. A comissão da capela organiza "Livros Ouro" para a construção, primeiro de uma casa canônica em Itaperuçu, mas que acabou servindo para a arrecadação de fundos para a construção de uma nova capela, agora em alvenaria.

De acordo com os moradores antigos, as famílias católicas de Itaperuçu ficavam um determinado tempo com o "Livro Ouro" e saíam a pedir doações aonde iam, inclusive aos parentes de outras localidades, para poderem assim arrecadar fundos para a construção da nova Igreja.

O primeiro "Livro Ouro" traz a data de 4 de abril de 1951, com aplausos e assinatura de Dom Manuel da Silveira D'Elboux e serviu para começar a campanha de construção da nova Igreja de Itaperuçu. O livro foi apresentado ao povo pelo Frei Donato, a cujos cuidados estava entregue a comunidade.


O ano de 1952 é a data de início da nova construção da atual Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo, contando com o esforço das famílias que existiam nesta localidade. E que de acordo com o Livro Tombo desta comunidade, os empresários e as famílias que estavam a frente desta construção eram: Carlos Campmann, Astrogildo Macedo (empresários), e famílias Stocchero, Chevônica, Afornalli, Ortiz Camargo, Votkoski, Benato, Furquim, Sabadim, Gulin, Lesnioski, Abrão e muitas outras, depois cita a participação também das famílias Johnsson Bini e Giacomitti Cavassin.


Os pedreiros citados são: Antônio Costa, Heno Chevônica e Marcos Bontorim Polli. Alguns destes pedreiros vindos de Colombo eram alimentados pelas famílias locais. Os pais e filhos destas famílias dedicavam dias na semana para ajudar os pedreiros na construção.


Iniciada em 1952, a capela nova estaria coberta e já em atividade no seu interior, sendo realizadas as Missas, Celebrações e demais sacramentos no final do ano de 1958. Portanto, podemos dizer que o ano de 1958 é o ano da inauguração desta nova construção, que para a época foi uma grande obra, tornando-se um dos símbolos históricos do município de Itaperuçu. Levou, então, 7 anos para ser edificada.


Durante os anos de 1956 a 1960 atendeu a comunidade de Itaperuçu e toda a região o jovem Padre Frei Silvano Maria de Capinzal, ofm (Frei Adelino Lovatel), que também acompanhou a construção da nova Igreja de São Pedro Apóstolo de Itaperuçu.


No Livro Tombo consta que as obras continuam, em 1959 com despesas ainda com pedreiros e demais aquisições e em 1962 com a compra dos novos bancos de madeira da Igreja (bancos que serão substituídos somente no ano de 2011) e pagamentos de dívidas referente à construção.

Na década de 1970, atendia Itaperuçu Padre Frei José Govasky, conhecido como Frei Afonso.

No dia 30 de maio de 1971 é ordenado sacerdote o Frei João Daniel Lovato, nascido em Itaperuçu. Sua primeira missa foi na capela de São Pedro Apóstolo no dia seguinte a sua ordenação ocorrida na Matriz de Nossa Senhora do Amparo, Rio Branco do Sul.

Desde o ano 1973, a Igreja de São Pedro Apóstolo de Itaperuçu, começou a ter a celebração da Missa todos os domingos, pois o Padre Frei Beda Maria Toffanello começou a vir de Rio Branco do Sul, nessa ocasião, para atender aos católicos daqui. Frei Beda Maria em 1974 iniciou as obras da casa canônica que foi inaugurada no dia 28 de setembro de 1975, ocasião em que o Sr. Arcebispo Dom Pedro Fedalto veio benzer a casa canônica recém construída. Frei Beda, construtor, e o Frei Jerônimo Bontorin passaram a residir aqui em Itaperuçu, atendendo a região. Porém, Itaperuçu ainda não se tornou uma paróquia, ficando dependente da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, de Rio Branco do Sul.

Os Freis Capuchinhos que moraram e atenderam Itaperuçu a partir de 1975 foram:
Convite da inauguração da Casa canônica de Itaperuçu em 1975

Padre Frei Beda Maria Toffanello (1974-1979)

Padre Frei Jerônimo Bontorim

Padre Frei Valério Alessandro Marcchesini (1979)

Padre Frei Barnabé Ivo Tenani (1980)

Padre Frei Mateus Benedito Ribeiro da Silva (1980-1981)

Padre Frei Aurélio Possani (1982-1985) - Foi Frei Aurélio que iniciou o Livro Tombo da capela São Pedro Apóstolo.

Padre Frei Eugenio Nickelle (1986-1990) - Neste período foi adquirido um terreno e construído o Centro Social São Pedro de Itaperuçu, hoje local do Centro de Evangelização São Pedro Apóstolo - CESPA e Cenáculo.

Com a saída de Frei Eugênio Nickelle, os freis capuchinhos deixaram de morar na casa canônica em Itaperuçu, ficando apenas na Paróquia de Rio Branco do Sul. Atendia a comunidade Padre Frei Osmar Oliveira (1990).

Em 1991 vieram morar na casa canônica as Irmãs Catequistas Franciscanas. A primeira irmã religiosa a chegar foi Irmã Olga Tayoko Nakamura e algumas postulantes. Depois foram chegando outras irmãs e outras iam saindo. O nome delas são: Irmã Paulina Fusinato, Irmã Cláudia Ortigara, Irmã Marisa Scheid, Irmã Beatriz Lúcia Moratelli, Irmã Anna Dematté, Irmã Vitalina Trentim. As irmãs catequistas franciscanas ficaram em Itaperuçu até o ano de 1997.

Itaperuçu foi emancipado politicamente de Rio Branco do Sul no dia 10 de dezembro de 1990. Mas, no âmbito religioso continuava a pertencer a Paróquia Nossa Senhora do Amparo, de Rio Branco do Sul.

Continuaram a atender a comunidade de Itaperuçu:

Padre Frei Jorge Corsini (1991-1992)

Padre Frei Daniel Alves Castro (1993)

Em 1994 os Capuchinhos deixaram a Paróquia de Rio Branco do Sul. Assumiram então os Padres Diocesanos de Curitiba.

Entretanto, os primeiros foram dois padres da Diocese de Jacarezinho, Padre Francisco Valberto Marinho Barreto que assumiu como Pároco da Matriz de Nossa Senhora do Amparo e como vigário, atendendo Itaperuçu, Padre José Orlando Proença, ficando de 1994 a 1996, e residiam em Rio Branco do Sul. Vieram de outra diocese até que o Arcebispo de Curitiba Dom Pedro Fedalto pudesse nomear esta paróquia com Padres diocesanos de Curitiba.

Criação da Paróquia São Pedro Apóstolo

1º Pároco: Padre Luiz Fernandes de Souza Filho (28/01/1996 - 01/12/2008)

No dia 28 de janeiro de 1996 foi então transformada em Paróquia todo o município de Itaperuçu, por Dom Pedro Fedalto, Arcebispo Metropolitano de Curitiba. A Capela de São Pedro Apóstolo transforma-se em Igreja Matriz, isto é, a Igreja mãe de todas as outras capelas existentes da nova paróquia. E na casa canônica veio morar o seu primeiro pároco, Padre Luiz Fernandes de Souza Filho (1996-2008), Padre diocesano de Curitiba, que atenderia as 31 comunidades da nova Paróquia.

No ano de 2000 foi realizado um reforma na Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo, em comemoração aos dois mil anos do cristianismo. O altar foi totalmente reestruturado e com uma nova pintura. Além do átrio, refeito e todo cercado com um portal. Destruição de um antigo barracão ao lado da Igreja, para a construção de um bonito Centro Catequético, com Secretaria, sala de vídeo palestra, banheiros e salas de catequese.

Brasão da Paróquia São Pedro Apóstolo - Itaperuçu - PR

Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo e Centro Catequético


No dia 10 de fevereiro de 2002 é ordenado Diácono Permanente Antemar José Alves, morador de Itaperuçu e líder religioso.

Em 21 de fevereiro de 2003 passa a residir em Itaperuçu Padre Emídio Lopes, atendendo como vigário paroquial até dezembro de 2010, quando é nomeado Pároco de Porto Amazonas, em 2011.

Nesse período inicia-se a construção do Centro de Evangelização São Pedro Apóstolo - CESPA e Cenáculo. Local com uma ampla cozinha, espaços para reuniões, dormitórios, banheiros e local de celebrações.

Centro Catequético ao lado da Igreja Matriz São Pedro Apóstolo - Itaperuçu - PR

Início da construção do Centro de Evangelização São Pedro Apóstolo - Itaperuçu - PR

Administrador Paroquial: Diácono Antemar José Alves (01/12/2008 - 01/02/2009)

No mês de dezembro de 2008, com a saída de Padre Luiz Fernandes após 12 anos como pároco, assume interinamente a Paróquia o Diácono Permanente Antemar José Alves, até a posse do segundo Pároco.

2º Pároco: Padre Tadeu Camilo (01/02/2009 - 26/02/2012)

Em 01 de fevereiro de 2009 assume como novo pároco, Padre Tadeu Camilo.

Em Janeiro de 2010 é lançado o Informativo Paroquial chamado O Pescador.
Capa do jornal O Pescador, Ano I, n.º 01, Jan/Fev de 2010

O informativo O Pescador foi publicado de forma impressa mensalmente e de forma ininterrupta, sendo que seu último número foi o de n.º 138, de setembro de 2022, completando 12 anos. (Sendo uma importante fonte de informações sobre a Paróquia São Pedro Apóstolo, entre os anos de 2010 a 2022).

3º Pároco: Padre Valdir Borges (26/02/2012 - 16/02/2014)

Em 30 de janeiro de 2011 assume como vigário paroquial o Padre Marcelo Alexandre da Silva Castro, ficando apenas até o mês de junho.

No dia 20 de fevereiro de 2011 é ordenado como Diácono Permanente Joelson Araszevski Ferreira, morador em Itaperuçu e líder religioso.

Em 26 de fevereiro de 2012 assume o 3º pároco, Padre Frei Valdir M. Borges, e continua como vigário, Padre Tadeu Camilo até o final do ano de 2012. Em janeiro de 2013 assume como vigário paroquial Frei Jorge M. Borges, irmão do pároco Frei Valdir.

Em 2014, Frei Valdir e Frei Jorge Borges são transferidos para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Pinhais, PR.

4º Pároco: Padre Jesus Messias Galieta (16/02/2014 - 08/02/2020)

Em 16 de fevereiro de 2014 foi empossado o 4º pároco de Itaperuçu, Padre Jesus Messias Galieta, por Dom José Mário Angonese, durante a Missa Paroquial de domingo, às 9h, no Cenáculo de Itaperuçu. Padre Messias, Diácono Antemar e Diácono Joelson formam o novo clero paroquial a partir de 2014. 

No dia 10 de julho de 2016 foi ordenado sacerdote o Padre João Carlos Marcondes, jovem residente na Paróquia São Pedro Apóstolo.

No ano de 2019, em janeiro, assume como vigário paroquial, Padre Antônio Fabris. Padre Messias e Padre Antônio deixam Itaperuçu no final de janeiro de 2020, partindo para outras paróquias.

5º Pároco: Padre José Airton de Oliveira (08/02/2020 - 07/08/2021)

Em 08 de fevereiro de 2020 foi empossado o 5º pároco de Itaperuçu, Padre José Airton de Oliveira e vigário paroquial, Padre Lineu Prado, pelo Padre José Aparecido, representante do Arcebispo de Curitiba D. José Antonio Peruzzo.

No ano de 2021 foi celebrado o jubileu de 25 anos da Paróquia São Pedro Apóstolo, juntamente com o jubilei de 25 anos do Padre José Airton de Oliveira, com muitas atividades ao longo desse ano, entre elas a publicação de uma edição comemorativa do jornal O Pescador e de uma Bíblia Sagrada Pastoral, Editora Paulus, com a capa comemorativa da Igreja Matriz São Pedro, além da história e principais fatos religiosos no preâmbulo dessa Bíblia.
  
Disponível em: https://issuu.com/exceuni/docs/opescador-janeiro2021

  
Bíblia Sagrada Pastoral Editora Paulus, Edição Comemorativa com a capa da igreja Matriz São Pedro Apóstolo - Itaperuçu - PR e material histórico e informativo no início da Bíblia.

6º Pároco: Padre Antônio Fabris (07/08/2021 - 24/08/2023)

Em 07 de agosto de 2021 foi empossado o 6º pároco de Itaperuçu, Padre Antônio Fabris, que recebeu a posse do Arcebispo D. José Antônio Peruzzo. Continua como vigário paroquial, Padre Lineu Prado e Diáconos permanentes, Antemar e Joelson.

7º Pároco: Padre José Mauri da Cruz (25/08/2023 - )

Padre Antônio Fabris foi transferido para a Paróquia Santa Cecília em Campo Largo, no dia 24/08/2023. Assumiu como 7º pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, o Padre José Mauri da Cruz, no dia 25 de agosto de 2023.
No dia 26 de agosto de 2023 foi ordenado Diácono Fábio Atair Cristo Costa, natural de Itaperuçu, jovem residente na Paróquia São Pedro Apóstolo. 


E no dia 09 de março de 2024, aconteceu a Ordenação Presbiteral do Padre Fábio, no Cenáculo de Itaperuçu.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Escolas e Educação no Paraná do século XIX

Estudos históricos e sociológicos sobre a Educação no Paraná no século XIX são interessantes para se compreender como o processo de ensino foi acontecendo neste Estado e no Brasil como um todo.

Da mesma forma, quando se lê esses estudos, pode-se pensar como foi que as escolas foram surgindo na região do Vale do Ribeira paranaense. 

Elaine Cátia Falcade Maschio. Escolarização Pública e Imigração Italiana. A constituição do ensino elementar das colônias ao município (1882-1912). Jundiaí: Paco Editorial, 2014.

O livro de Elaine Falcade Maschio apresenta como os imigrantes italianos no município de Colombo foram exigindo das autoridades paranaenses o direito a educação formal; pedidos de escolas públicas, de professores, de materiais. E isso acabava abrangendo toda a região e sua população. Destaco que muitos parentes meus estavam envolvidos.

Juarez José Tucchinski dos Anjos. Uma trama na História. A criança no processo de escolarização primária nas últimas décadas do período imperial. Curitiba: Ed. UFPR, 2018.

O livro de Juarez Anjos apresenta características da educação no Paraná, em especial no município da Lapa, buscando entender a criança dentro deste ambiente institucional do século XIX. E para isso, foi reconstruindo a trajetória de alguns sujeitos da educação, como professores e alunos. 

Os dois livros apresentam, também, uma gama enorme de outros estudos sobre o período, tudo isso contribuindo para que possamos pensar sobre este tema fundamental na sociedade, que é a educação.




segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

1984, George Orwell

 

    Depois de ler Fahreinheit 451, troquei com minha sobrinha Bruna o livro, pelo 1984 de George Orwell. Já conhecia parcialmente a história, mas ler todo o livro me trouxe a dimensão do que Orwell buscou apresentar como um sistema totalitário (totalitarismo absoluto) que limita a iniciativa humana, buscando gerar a obediência e o amor incondicional ao sistema político representado pelo Partido e ao Grande Irmão - Big Brother.

    O livro 1984 foi publicado em 1949, no período pós guerra mundial e todo um clima de que novos totalitarismo voltassem ainda com mais rigor, como forma de combater ao "inimigo" e de controle, inclusive na Inglaterra e EUA, vencedores da guerra e símbolos da democracia e liberalismo.

    A história, portanto, é complexa, e perpassa pelas reflexões do personagem Winston Smith, mostrando um mundo deprimente e sem sentido, devido ao totalitarismo político (primeira parte do livro). Quando Winston começa a encontrar um sentido para a vida, isso se dá na convivência com Julia, vivendo um possível amor, que foge ao controle do Partido, mas os dois são descobertos pela polícia da ideias e suas teletelas (segundo parte do livro). Daí um final que foge aos padrões de feliz (terceira parte do livro).

    Ao longo do romance, vários pontos podem ser discutidos pelos leitores, como a questão do totalitarismo político, que pode ocorrer em qualquer lugar, cerceando a liberdade e iniciativas dos cidadãos e a vigilância total; discutir os três slogans do Partido: Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força (p.14, p.27); sobre os proletas (referindo-se aos proletários que são a maioria da população, mas sem iniciativa, e que realizam toda a atividade produtiva), os membros do Partido, divididos em membros Externos (extremamente vigiados e que realizam os trabalhos burocráticos) e a cúpula do Partido e o Grande Irmão - eis a estratificação social desta sociedade; a criação dos inimigos do sistema político e o culto ao ódio; as teletelas (câmeras) e microfones vigiando tudo e todos, mas principalmente os membros do Partido; o estado constante de guerra (que se repete em Fahreinheit 451); notícias a partir de uma única fonte; a escassez econômica como forma de controle; a questão do poder pelo poder; patriotismo e nacionalismo sem sentido; a Novafala; a esperança de mudança poderia vir dos proletas, mas ao mesmo tempo, da impossibilidade disto acontecer (p.88); a questão da tortura; o duplipensamento; solipsismo; a repartição do mundo em três grandes áreas de influência; entre tantos temas.

    Me chamou a atenção a questão de como o sistema totalitário reescrevia constantemente a história de acordo com seus interesses; e mesmo escrevendo, a cada tempo, modificando aquilo que estava escrito; e essa era a função do Winston. Tudo tinha de ser aquilo que o Partido definia como verdade e ao mesmo tempo, essa verdade se modificava, por novas verdades, num constante embaralhar para que não fosse necessário mais saber o que é a verdade ou como foi a história: "Tudo se esmaecia na névoa. O passado fora anulado, o ato da anulação fora esquecido, a mentira se tornara verdade" (p.94);

    Enfim, sistemas totalitários devem ser estudados e debatidos; a reflexão sobre os mesmos são imprescindíveis; trazer para a sala de aula o tema, é fundamental.

Referência

ORWELL, George. 1984. tradução Alexandre Hubner, Heloisa Jahn; posfácios Erich Fromm, Ben Pimiott, Thomas Pynchon. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Muito interessante, nesta edição da Companhia das Letras, os posfácios dos seguintes autores: Erich Fromm (1961); Ben Pimlott (1989); e Thomas Pynchon (2003).

E o filme: 1984. Direção: Michael Radford.










sábado, 23 de dezembro de 2023

Fahrenheit 451, de Ray Bradbury




Terminando de ler este clássico da literatura, novamente pensei em como utilizar nas aulas de Sociologia essa distopia, de Ray Douglas Bradbury, publicada em 1953. Eu li a versão de bolso da Editora Globo, de 2009.

O livro impressiona em vários aspectos que fazem pensar na sociedade: a possibilidade de uma sociedade conduzida pelos meios de comunicação de massa como únicas fontes de informação e entretenimento, pelo sensacionalismo midiático e os já possíveis reality shows com a desgraça alheia; consequentemente, das fakenews; De casas em que as telas de TV são prioridades; O passado e a própria memória sobre as coisas ou sobre a história não é mais importante; Da possibilidade de guerras constantes, mas que os cidadãos não sabem o que está acontecendo e nem querem saber, apenas são convocados para participarem; De se apresentar apenas um lado da moeda (ou nenhum), para que a reflexão e a dúvida não aconteçam (seria a falsa paz de espírito), como diz Beatty: "(...) Encha as pessoas com dados incombustíveis, entupa-as tanto com "fatos" que elas se sintam empanturradas, mas absolutamente "brilhantes" quanto a informações. Assim, elas imaginarão que estão pensando, terão uma sensação de movimento sem sair do lugar. E ficarão felizes, porque fatos dessa ordem não mudam. Não as coloque em terreno movediço, como filosofia e sociologia, com que comparar suas experiências (...)" (p.92-93).

Hoje, tendo como referência os anos de 2022 e 2023, a Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio no Paraná estão com menos espaço na grade curricular, como se dissessem: "para que confundir os estudantes, para que pensar, o importante é o fazer, é o emprego, é o prazer e a felicidade".

Mas, toda a história trata do fato dos bombeiros queimarem os livros, dos livros serem proibidos por trazerem ideias, afinal, as ideias não são mais necessárias. E o que mais assusta, é que o movimento de deixar de ler veio das próprias pessoas, como diz Faber: "(...) O próprio público deixou de ler por decisão própria. (...)" (p.127). O governo apenas aproveitou a situação e proibiu de vez a produção, circulação e armazenamento de livros.

Daí a necessidade de se defender a importância de ler, de divulgar a leitura, de demonstrar para todos, em especial aos estudantes, como é importante dedicar um tempo da nossa vida para isso e como a mesma pode nos ajudar a sermos pessoas melhores, a termos outras perspectivas em relação a diversos temas, a conhecermos mais histórias, enfim, ler é sempre importante.

Talvez, o mais desafiante do livro Fahrenheit 451 seria a sugestão de cada pessoa decorar um livro e ser o representante do mesmo neste mundo em que os livros são queimados. Daí me pergunto: Qual livro eu iria decorar?

No final da edição publicada pela Globo, existe um Suplemento de Leitura que sugere algumas atividades, em relação ao: I. Texto (com 13 perguntas de interpretação e compreensão do texto); II. Linguagem (referente aos meios de comunicação e da personagem Midred - a linguagem é reduzida ao mínimo possível de palavras); III. Redação (sugerindo a produção de textos, a partir de algumas ideias do livro); IV. Pesquisa (sobre distopias, sobre a Escola de Frankfurt, sobre a biografia de Bradbury e o contexto histórico norte-americano, e filmes que tratem de sociedades futuras); V. Atividades interdisciplinares; e VI. Sugestões de leitura (sugerindo apenas dois livros: Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, publicado em 1932, e o livro 1984, de George Orwell, publicado em 1949); VII. Sugestões de filmes (com três sugestões: o próprio Fahrenheit 451, de François Truffaut, de 1967 e o 1984, de Michael Radford, de 1984, e Admirável mundo novo, de Leslie Libman e Larrry William, de 1998; em 2018 é lançado uma nova versão de Fahrenheit 451, de Ramin Bahrani).

Referência

Bradbury, Ray. Fahrenheit 451: a temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima. Tradução Cid Knipel. São Paulo: Globo, 2009 (Coleção Globo do bolso).

sábado, 18 de novembro de 2023

MADAME BOVARY, de Gustave Flaubert


Fazia muito tempo que queria ler o romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, desde os tempos da Faculdade de Filosofia. E quando para lá retornei, ainda por um tempo demorei, mas então peguei o exemplar na Biblioteca da FASBAM, da Edições Melhoramentos (do pinheiro ao livro, uma realização melhoramentos) :). Outubro/novembro de 2023.

Toda literatura do século XIX que estou lendo, de certa forma, agora, me remete aos estudos que realizei no doutorado, sobre a política no século XIX no Paraná. Madame Bovary é um livro construído na década de 1850, publicado em 1857 e logo levou Flaubert a ser "processado na polícia correcional por ultraje à moral religiosa e aos bons costumes" (p.7, como nos conta Alfred Colling na Introdução da obra). Tal processo já nos remete a buscar entender a moral e aos costumes da época, mesmo que a referência seja a França. Em Curitiba não seria diferente. Casamentos arranjados entre a burguesia; relacionamentos sociais que envolvem clubes, festas, igreja e farmácia; A farmácia de Homais é o vislumbrar do positivismo, do cientificismo, do iluminismo, próprio desse século e dos jovens homens que conseguiam estudar. A igreja era representada pelo Padre Burnisien, presente fortemente na sociedade; e os dois têm discussões sobre a ciência e a religião; mas principalmente,  a obra nos leva a observar como era a vida doméstica (costumes de Província) de um casal pequeno burguês, Carlos e Ema Bovary.

Entretanto, é o papel da mulher neste período que Flaubert discute, apresentando uma personagem feminina, Ema Bovary, e como a mesma busca se realizar como pessoa ou busca se encontrar frente as possibilidades de um mundo que a limita, tanto economicamente, como moralmente. Ema não é apresentada como uma mulher excepcional, mas como todas as outras de seu tempo. Contudo, toda a obra está em volta da sua personalidade, de suas ações, de seus medos e desejos, de suas idealizações (bovarismo) e de seu consumismo, e portanto, ela se torna uma figura admirável, que nos faz pensar neste realidade social feminina.

Enfim, acredito que este romance me ajudou a tentar compreender um pouco melhor sobre as mulheres que acabei citando em minhas pesquisas sobre o século XIX. Principalmente mulheres que consegui saber um pouco mais de suas vidas, mesmo que os detalhes sobre elas sejam muito menores do que a dos homens. Daí remeto ao meu texto: "Famílias e casamentos na composição da Câmara de Vereadores de Curitiba no século XIX (1856-1889)", presente no livro: Nepotismo, parentesco e mulheres, organizado pelo Prof. Ricardo Costa de Oliveira.

Capa do livro: Nepotismo, Parentesco e Mulheres. 1ª ed. 2016.


As mulheres curitibanas, esposas de políticos citadas no meu texto:

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura 1857-1860: Domitilia Alves de Araujo; Anna Francisca Teixeira, Zeferina Candida do Nascimento, Ilecta da Silva [Electa Maria Caetano], Francisca de Paula Alves, Maria do Ceo Taborda Ribas, Gabriella Franco, Theolinda Affonso [Maria Theolinda de Jesus], Maria Rosa de Moraes Roseira, Florinda Maurícia de Sá Ribas, Rita Maria Miró.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura 1861-1864: Julia de Andrade, Anna Rufina de Macedo, Gertrudes da Silva Lopes, Escolástica Maria de Lima, Maria Ritta dos Santos, Maria Elisa da Cunha, Anna Maria do Sacramento, Zeferina Maria Luiza.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura 1865-1868: Felicidade Mourão de Pinho, Emilia Vidalina, Porfiria Maria da Conceição Freitas, Porcina Margarida de Oliveira Borges.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura 1869-1871: Ana Joaquina de Paula, Francisca Gonçalves dos Santos, Etelvina dos Santos de Oliveira Lima, Anardina Lecticia de Jesus Brandão, Francisca de Assis de Oliveira.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura 1871-1872: Helena Augusta Teixeira de Lima, Mathilde Januária de Souza, Maria da Conceição, Balbina Negrão, Anna Maria da Fontoura, Maria Francisca da Cruz Biscaia, Leodobina Francisca da Costa, Izabel Pereira e Benedicta do Carmo Britto, Escolástica Joaquina de Sá Ribas, Escolástica Ribas Franco, Alexandrina Maria dos Santos e Rita de Oliveira Ribas.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura de 1873-1876: Maria José dos Santos, Hermancia Borges Guimarães, Florencia do Amaral, Maria da Luz Osório Borges, Francisca Lourenço dos Santos, Virginia Marques dos Santos.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura de 1877-1880: Nercinda da Motta Ribeiro, Maria José Ribeiro, Anna Joaquina dos Santos, Francisca Ribeiro da Costa e Libânia Carneiro.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura de 1881-1882: Maria Joanna Gonçalves, Adelaide Maria do Nascimento, Virgilia de Macedo, Anna Flora Rodrigo, Maria Rita de Oliveira, Francisca Munhoz, Maria da Luz Ozório e Maria da Glória Craveiro, Amélia Pereira Jorge e Izabel Cortes.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura de 1883-1886: Josephina Drumond dos Reis, Ubaldina de Macedo, Carlota Sophia Dorothéa Kalckmann, Herminia Leopoldina Marques, Maria Clemência Nóbrega, Balbina Licia Munhoz, Thomazia Carolina Pedrosa, Maria Catharina Taborda Ribas, Joaquina de Paula Xavier e Januária B. Carvalho de Oliveira, Philomena Vianna.

Esposas dos vereadores e juízes de paz de Curitiba na legislatura de 1887-1889: Maria José Correia, Hermancia Borges Guimarães e Maria Rosalina Caiut, Maria de Freitas, Francisca da Luz dos Santos, Rosa Fonseca, Olga Bendazeski, Anália Agner e Maria Rosa de Bittencourt, Fortunata de Oliveira Vianna.

A biografia dessas mulheres ajudaria em muito entender nossa história. 

Da mesma forma, fico a pensar nas mulheres da qual eu descendo, da parte paterna, que vivia no litoral de Santa Catarina no século XIX, uma delas chamada de Leopoldina da Silveira Goulart (minha tataravó) e Maria Leopoldina dos Santos (minha bisavó), provavelmente receberam esse nome tendo como referências mulheres da monarquia brasileira, Maria Leopoldina e Leopoldina de Bragança. Por parte materna, cito Ângela Bonatto (minha tataravó), nascida em 1845, na região norte da Itália. 

Referências

ALVES, Alessandro Cavassin. Famílias e casamentos na composição da Câmara de Vereadores de Curitiba no século XIX (1856-1889). In: OLIVEIRA, Ricardo Costa de. Nepotismo, parentesco e mulheres. Curitiba: RM Editores, 2016.

FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. Costumes de Província. Tradução de Genésio Pereira Filho. Ilustrações de Wilhelm M. Busch. São Paulo: Edições Melhoramentos.



 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Dr. João José Pedrosa

 

Dr. João José Pedrosa e Belém do Pará


Imagem disponível no livro de Maria Nicolas, 130 anos de vida parlamentar paranaense. Curitiba: Assembleia Legislativa do Paraná, 1984.

        Ao estar em Belém do Pará (julho de 2023), lembrei de uma curiosidade histórica que cito em minha pesquisa de doutorado: Durante o Império, o paranaense, curitibano, do Partido Liberal, Dr. João José Pedrosa foi nomeado Presidente da Província do Pará em 29/01/1882, tomando posse em 27/03, mas acabou falecendo em 15/05/1882, com 37 anos. Faleceu solteiro.
        Uma morte rápida em Belém, com menos de 2 meses de trabalho. De acordo com o Diário de Notícias do Pará, a causa da morte teria sido uma "febre renitente com caracter typhico". Foi sepultado em Belém, e que os jornais locais divulgam como foi seu sepultamento e comentam sobre a Missa de 7º dia. Na Genealogia Paranaense, de Francisco Negrão, (Vol. 6, 1950, p. 76), comenta que seu corpo foi, posteriormente, transladado de Belém para Curitiba.
        Está disponível seu discurso de abertura da Assembleia Legislativa do Pará, em 23/04/1882 (Relatório de 1882). 
        Neste período áureo da extração da borracha, Belém era uma das principais capitais brasileira, com crescimento e desenvolvimento, como a inauguração do Theatro da Paz, em 1878.

Biografia


        João José Pedrosa nasceu em Curitiba, 03/02/1845; filho do comerciante português em Curitiba, Joaquim José Pedrosa e Maria Costa Pinto Pedrosa; com 12 anos foi ao Rio de Janeiro fazer o preparatório e já com 16 anos (1861) iniciava o curso de Direito em São Paulo, na mesma turma de Generoso Marques dos Santos, Joaquim Ignácio Silveira da Motta Junior, Ubaldino do Amaral, Tristão Cardoso de Menezes, José dos Santos Pacheco Lima e José de Souza Ribas, enfim, jovens que foram posteriormente atuantes na política paranaense e brasileira. Formou-se em 27/11/1865, com 20 anos. 
        Ao regressar a Curitiba foi nomeado Procurador Fiscal do Tesouro de Fazenda do Paraná; no ano seguinte foi eleito deputado provincial do Paraná, para a legislatura 1868/69, com 22 anos; era do Partido Liberal; posteriormente foi eleito vereador e presidente da Câmara de Curitiba, na legislatura 1873/76, momento em que travou acalorados debates com outros políticos (é possível acompanhar as atividades políticas deste período no jornal Dezenove de Dezembro, de Curitiba, entre outros jornais locais). 
        Sua carreira política, então, foi para além do Paraná. Como um dos líderes do Partido Liberal em Curitiba, acabou sendo nomeado Presidente da Província do Mato Grosso (06/07/1878 a 05/12/1879), com 33 anos, onde fez inúmeros trabalhos e seus discursos políticos no Mato Grosso podem ser consultados.
        Retorna ao Paraná e acaba sendo nomeado Presidente da Província do Paraná (04/08/1880 a 03/05/1881), sendo o 1º paranaense a assumir essa posição, e época em que recebeu a visita de D. Pedro II no Paraná para a inauguração da pedra fundamental do início da construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá; período em que recebe a Comenda da Ordem da Rosa (31/08/1880), tornando-se Comendador, com 35 anos; também seus discursos políticos podem ser consultados (Relatório de 1881a; Relatório de 1881b; consultar, também, os jornais paranaenses da época).
        No ano seguinte, foi nomeado Presidente da Província do Pará, uma região em desenvolvimento, graças a borracha, onde faleceu precocemente.
        A vida de João José Pedrosa pode ser considerado um exemplo típico do jovem bacharel, pertencente a uma família da elite local, para este caso, curitibana, com a habilidade de ser, também, um bom orador, e que ao longo do tempo vai ocupando diversos cargos públicos, além de sua profissão liberal ou da riqueza econômica de sua família. 
        Na Genealogia Paranaense, de Francisco Negrão, (Vol. 6, 1950, p.75-76), o autor apresenta a família Pedrosa dentro da genealogia das famílias tradicionais do Paraná. 
        João José Pedrosa teve mais 8 irmãos. Um deles, foi Joaquim José Pedrosa.

Joaquim José Pedrosa

        Seu irmão Joaquim José Pedrosa (mesmo nome do pai), nasceu em 19/08/1847, residente em Curitiba, consta ter escritório de advocacia na capital, em 1888; época em que escrevia para o jornal Dezenove de Dezembro; casado com Gabriella Elisa Biale, da qual tiveram 8 filhos, sendo um deles com o nome de Joaquim José Pedrosa (o terceiro da família); também chamado de Capitão; sua principal profissão foi Solicitador no fórum de Curitiba (provavelmente assumindo interinamente até mesmo o cargo de Prefeito - informação que está no site da ALEP) e ocupou outros cargos públicos, como promotor público da comarca de Curitiba, em 1891, foi deputado estadual do Paraná, nas legislaturas de 1892 e de 1894/95, agente de recenseamento, em 1911; mas sua principal atividade sempre foi a de Solicitador, até o final de sua vida; faleceu em Curitiba, em 04/06/1916, com 68 anos.
        Na Genealogia Paranaense, de Francisco Negrão, o autor parece não gostar muito de Joaquim José Pedrosa ao escrever o seguinte comentário sobre o mesmo: "Joaquim José Pedrosa, solicitador - advogou por muitos anos no fórum curitibano; sem ser um homem de grande cultura intelectual, era contudo um espírito esclarecido, tornando-se um rábula de valor e temido como chicanista que era" (Vol. 6, 1950, p. 76). Nem mesmo citou que ele foi deputado estadual.
        No obituário da mãe, Maria de Moura Pedrosa, falecida em 25/11/1902, no jornal A República, é possível perceber um pouco dos membros da família Pedrosa no início do século XX; enfim, uma família ligada ao poder público curitibano e paranaense e a cartório, como do genro Coronel lzaias Augusto Alves; outro exemplo, Maria de Moura Pedrosa era irmã do Desembargador Dr. Augusto Lobo de Moura.
        

segunda-feira, 17 de julho de 2023

21º Congresso Brasileiro de Sociologia em Belém do Pará


Alessandro Cavassin Alves, Belém do Pará

Entre os dias 11 a 14 de julho de 2023, participei do 21º Congresso Brasileiro de Sociologia, organizado pela SBS (Sociedade Brasileira de Sociologia), em Belém do Pará, na UFPA (Universidade Federal do Pará), às margens do rio Guamá. O Congresso de Sociologia teve como tema: Sociologias para pensar o contemporâneo.
Participei do GT 05: Família, Instituições e Poder, apresentando o artigo: Perfil dos Diretores Gerais dos Índios do Paraná no século XIX”. GT coordenado pelos professores Ricardo Costa de Oliveira (UFPR), José Marciano Monteiro (UFCG) e Mônica Helena H. S. Goulart (UTFPR). Momento importante de encontro e discussões no grupo de trabalho. E foram mais de 1700 participantes inscritos nas diversas modalidades de atividades durante o Congresso. Isso demonstra um pouco do potencial das Ciências Sociais e de se pensar o Brasil e o mundo. É necessário uma reflexão constante e ao mesmo tempo atenta sobre a sociedade e seus rumos, caminhos que são realizados por cada um, como diria Max Weber, em enfrentamento de estruturas mantidas por nós.
Minha percepção de Belém, dessa cidade amazônica, da floresta e seus rios; de suas diversas etnias indígenas, que você vai descobrindo conversando com as pessoas locais; o povo paraense; o carimbó; o urubu e a garça; muiraquitã; além de uma gastronomia bastante peculiar, com o açaí, castanha, peixes, jambu, entre tantas outras. E sua história colonial, com a fundação da cidade pelos portugueses, em 1616.
Aproveitei para visitar alguns lugares de Belém (o tempo limitado de um turista). Como o complexo Feliz Lusitânia. A visita guiada apresentou todo  o complexo de edificações de forma crítica, para se pensar o local não apenas em sua arquitetura portuguesa e demais influências europeias, mas também da perspectiva indígena e afrodescendente e das marcas "apagadas", quando se tem um olhar superficial, como o exemplo do muro dos cabanos (cabanagem), no Forte. O incrível mercado ver o peso. E a Estação das Docas.
Belém, ao mesmo tempo, é uma cidade de contrastes sociais, assim como o Brasil. Belém, para quem vem de fora, ajuda a pensar o contemporâneo, tema do Congresso de Sociologia. Nada mais importante do que a cidade ser sede da COP 30, em 2025.
O museu Emílio Goeldi, uma estrutura de ensino e extensão, uma das minhas referências durante o tempo da graduação em Ciências Sociais, na UFPR (1999-2003). Visitar esse museu, saber um pouco mais de sua história e produção científica foi relembrar um pouco de minha história e da importância de locais de divulgação da ciência no Brasil.
A Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré e todo o significado que a igreja e a festa do Círio de Nazaré representa para a população local.
O Theatro da Paz, nome dado em homenagem ao fim da Guerra do Paraguai, construído no período da borracha; a visita guiada no teatro é fantástica; e um teatro em plena atividade.
Passeio de barco para as ilhas e baía do Guajará. Fomos na ilha do Combú. Estar ao lado da Samaúma, árvore rainha da floresta amazônica. E me acompanhou nessa viagem de Curitiba a Belém minha esposa Gislaine (de avião, 2666 km; para quem for de carro, 3176 km).
Faltou tantas coisas ainda, como a ilha de Marajó e outras possibilidades de imersão nesta região amazônica.