Dr. João José Pedrosa e Belém do Pará
Imagem disponível no livro de Maria Nicolas, 130 anos de vida parlamentar paranaense. Curitiba: Assembleia Legislativa do Paraná, 1984.
Ao estar em Belém do Pará (julho de 2023), lembrei de uma curiosidade histórica que cito em minha pesquisa de doutorado: Durante o Império, o paranaense, curitibano, do Partido Liberal, Dr. João José Pedrosa foi nomeado Presidente da Província do Pará em 29/01/1882, tomando posse em 27/03, mas acabou falecendo em 15/05/1882, com 37 anos. Faleceu solteiro.
Uma morte rápida em Belém, com menos de 2 meses de trabalho. De acordo com o Diário de Notícias do Pará, a causa da morte teria sido uma "febre renitente com caracter typhico". Foi sepultado em Belém, e que os jornais locais divulgam como foi seu sepultamento e comentam sobre a Missa de 7º dia. Na Genealogia Paranaense, de Francisco Negrão, (Vol. 6, 1950, p. 76), comenta que seu corpo foi, posteriormente, transladado de Belém para Curitiba.
Está disponível seu discurso de abertura da Assembleia Legislativa do Pará, em 23/04/1882 (Relatório de 1882).
Neste período áureo da extração da borracha, Belém era uma das principais capitais brasileira, com crescimento e desenvolvimento, como a inauguração do Theatro da Paz, em 1878.
Biografia
João José Pedrosa nasceu em Curitiba, 03/02/1845; filho do comerciante português em Curitiba, Joaquim José Pedrosa e Maria Costa Pinto Pedrosa; com 12 anos foi ao Rio de Janeiro fazer o preparatório e já com 16 anos (1861) iniciava o curso de Direito em São Paulo, na mesma turma de Generoso Marques dos Santos, Joaquim Ignácio Silveira da Motta Junior, Ubaldino do Amaral, Tristão Cardoso de Menezes, José dos Santos Pacheco Lima e José de Souza Ribas, enfim, jovens que foram posteriormente atuantes na política paranaense e brasileira. Formou-se em 27/11/1865, com 20 anos.
Ao regressar a Curitiba foi nomeado Procurador Fiscal do Tesouro de Fazenda do Paraná; no ano seguinte foi eleito deputado provincial do Paraná, para a legislatura 1868/69, com 22 anos; era do Partido Liberal; posteriormente foi eleito vereador e presidente da Câmara de Curitiba, na legislatura 1873/76, momento em que travou acalorados debates com outros políticos (é possível acompanhar as atividades políticas deste período no jornal Dezenove de Dezembro, de Curitiba, entre outros jornais locais).
Sua carreira política, então, foi para além do Paraná. Como um dos líderes do Partido Liberal em Curitiba, acabou sendo nomeado Presidente da Província do Mato Grosso (06/07/1878 a 05/12/1879), com 33 anos, onde fez inúmeros trabalhos e seus discursos políticos no Mato Grosso podem ser consultados.
Retorna ao Paraná e acaba sendo nomeado Presidente da Província do Paraná (04/08/1880 a 03/05/1881), sendo o 1º paranaense a assumir essa posição, e época em que recebeu a visita de D. Pedro II no Paraná para a inauguração da pedra fundamental do início da construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá; período em que recebe a Comenda da Ordem da Rosa (31/08/1880), tornando-se Comendador, com 35 anos; também seus discursos políticos podem ser consultados (Relatório de 1881a; Relatório de 1881b; consultar, também, os jornais paranaenses da época).
No ano seguinte, foi nomeado Presidente da Província do Pará, uma região em desenvolvimento, graças a borracha, onde faleceu precocemente.
A vida de João José Pedrosa pode ser considerado um exemplo típico do jovem bacharel, pertencente a uma família da elite local, para este caso, curitibana, com a habilidade de ser, também, um bom orador, e que ao longo do tempo vai ocupando diversos cargos públicos, além de sua profissão liberal ou da riqueza econômica de sua família.
Na Genealogia Paranaense, de Francisco Negrão, (Vol. 6, 1950, p.75-76), o autor apresenta a família Pedrosa dentro da genealogia das famílias tradicionais do Paraná.
João José Pedrosa teve mais 8 irmãos. Um deles, foi Joaquim José Pedrosa.
Joaquim José Pedrosa
Seu irmão Joaquim José Pedrosa (mesmo nome do pai), nasceu em 19/08/1847, residente em Curitiba, consta ter escritório de advocacia na capital, em 1888; época em que escrevia para o jornal Dezenove de Dezembro; casado com Gabriella Elisa Biale, da qual tiveram 8 filhos, sendo um deles com o nome de Joaquim José Pedrosa (o terceiro da família); também chamado de Capitão; sua principal profissão foi Solicitador no fórum de Curitiba (provavelmente assumindo interinamente até mesmo o cargo de Prefeito - informação que está no site da ALEP) e ocupou outros cargos públicos, como promotor público da comarca de Curitiba, em 1891, foi deputado estadual do Paraná, nas legislaturas de 1892 e de 1894/95, agente de recenseamento, em 1911; mas sua principal atividade sempre foi a de Solicitador, até o final de sua vida; faleceu em Curitiba, em 04/06/1916, com 68 anos.
Na Genealogia Paranaense, de Francisco Negrão, o autor parece não gostar muito de Joaquim José Pedrosa ao escrever o seguinte comentário sobre o mesmo: "Joaquim José Pedrosa, solicitador - advogou por muitos anos no fórum curitibano; sem ser um homem de grande cultura intelectual, era contudo um espírito esclarecido, tornando-se um rábula de valor e temido como chicanista que era" (Vol. 6, 1950, p. 76). Nem mesmo citou que ele foi deputado estadual.
No obituário da mãe, Maria de Moura Pedrosa, falecida em 25/11/1902, no jornal A República, é possível perceber um pouco dos membros da família Pedrosa no início do século XX; enfim, uma família ligada ao poder público curitibano e paranaense e a cartório, como do genro Coronel lzaias Augusto Alves; outro exemplo, Maria de Moura Pedrosa era irmã do Desembargador Dr. Augusto Lobo de Moura.
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