Família Cavassin

José Cavassin (Giuseppe Cavassin)

José Cavassin nasceu na Itália, em Maróstica, em 27 de janeiro de 1865. Registrado como Giuseppe Bortolo Cavazzin. Filho de Pietro Cavazzin e Angela Bonato. Batizado na Igreja de S. Maria Assunta, em 29 de janeiro de 1865.

No Arquivo Público do Paraná, no Cadastro de Registro de Imigrantes[1], está registrada a chegada da família CAVASSIN (Cavazzin) em 1877. Pela ordem de números 1942 a 1948, temos os seguintes nomes: Pietro Cavassin e Ângela Cavassin (certamente Ângela Bonato, esposa de Pietro) (Pai e Mãe) e Elisabetta (Maria Isabel), Giuseppe (com 12 anos), Bortolo e Pio (Pia Romana) (filhos do casal), além de Pellegrino Cavazzin; e entre a ordem de números 1925 a 1927 temos os seguintes nomes: Antonio Cavassin, Maria Cavasin, Maria Cavassin (novamente), Pietro Cavassin (novamente), Sperandio Cavassin.

Arquivo Público do Paraná - Livro de Cadastro de Registro de Imigrantes

Vinda para o Brasil

“Pietro Cavazzini (o pai) nasceu em Pianezze, San Lorenzo, cidadezinha próxima de Maróstica e de Nove, na província de Vicenza – Itália. Em Maróstica, casou-se com Ângela Bonato e lá tiveram dois filhos: Elizabeta (Maria Isabel) e Giuseppe Bortolo (José), depois foram para Nove onde nasceram Bortolo (Bortolino) e Pia Romana. João, o mais novo, nasceu no Brasil”[2].

Pietro e família vieram para o Brasil em 1877 ou 1878. Os imigrantes, em geral, ao chegarem neste país, o seu primeiro destino era o Rio de Janeiro. Depois eram enviados para as respectivas colônias para imigrantes. A família Cavassin, então é enviada para o Paraná, para a colônia Nova Itália em Morretes. Há registro de que Pietro Cavazzini recebeu lá uma pá para trabalhar nas estradas de Morretes e agricultura[3]. Devido ao grande número de imigrantes chegando ao litoral paranaense, as condições eram desfavoráveis para abrigar todos eles nas respectivas colônias. Portanto, possivelmente, em outubro de 1878 um grupo destes colonos foram trazidos para a nova colônia Alfredo Chaves, fundada em novembro de 1878, ao redor de Curitiba (atual Colombo). Pietro e família receberam o lote n.º 23 nesta nova colônia, bem como Luiza Cavassin o lote n.º 32[4] (quem seria Luiza Cavassin?).

A vida em Colombo – Paraná

Os dados sobre a presença da família Cavassin em Colombo são retirados do Livro de Sebastião Ferrarini, O município de Colombo, (1992).

Em 21/01/1879, recém chegados à colônia Alfredo Chaves, Francisco Busato, Pietro Cavazzin e demais colonos redigiram um requerimento pedindo Igreja e cemitério ao Presidente da Província do Paraná. Neste requerimento há a assinatura também de Maria Cavazzin (provavelmente parente próxima de Pietro). Pietro assinou seu sobrenome como CAVAZZIN;

Noutro abaixo-assinado de 05/05/1879 temos os seguintes membros da família Cavassin: Pietro, Ângela (Ângela Bonatto, esposa de Pietro), Elisabeta, Giuseppe, Bortolo, Bia B... (Pia Romana) (filhos); e da família de Maria Cavazin, Maria, Antonio, Pietro, Speradio. (Veja que os nomes conferem agora com a lista do Arquivo Público do Paraná).

E em mais um abaixo assinado, agora pedindo melhorias nas estradas, de 08/10/1880, o primeiro a assinar é Francesco Busato e o segundo Pietro Cavazin (agora assinou como CAVAZIN), seguindo mais 41 assinaturas, entre elas de Maria Cavazina (agora CAVAZINA)[5]. Isto demonstra certa liderança de Pietro Cavassin, bem como Francisco Busato na nova colônia.

Em julho de 1882, Pietro Cavassin e seu filho José Cavasin (então com 17 anos), entre outros imigrantes, assinam um abaixo-assinado pedindo escola para a colônia Alfredo Chaves[6]. Pai e filho assinam o sobrenome de maneira diferente (CAVAZZIN e CAVASIN). Com o pedido da escola, veio também o pedido dos móveis para a escola, "que seriam confeccionados pelo imigrante italiano Pedro Cavassin"[7]. No ano de 1891, por exemplo, o filho mais novo de Pietro, João Cavassin, já nascido no Brasil, era um dos alunos matriculados na escola primária masculina em Colombo [7a]. No ano de 1894, os netos Antônio Cavassin, com 6 anos, Pedro Cavassin, com 7 anos e Luiz Cavassin, todos filhos de José Cavassin e Maria Nodari, eram alunos matriculados na escola primária masculina em Colombo [7b], demonstrando a importância da educação para os imigrantes italianos, que exigiram escola do governo e, depois, matriculavam seus filhos.

Neste período José Cavassin casa com outra imigrante italiana, Maria Nodari; Casaram no dia 19/08/1884, na Capela de Ribeirão da Onça, Colombo, às 11h, e foram testemunhas João Torin e Francisco Benato (Certidão de Casamento - Catedral Basílica Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, Curitiba, PR).

Em 08/10/1889 aconteceu a naturalização de José Cavacin (CAVASSIN) (A naturalização era fundamental para os imigrantes que quisessem participar mais ativamente da vida política de sua localidade). Eis o documento:

“Carta etc... Pela qual V.Exª naturaliza o súdito italiano José Cavacin, de 25 anos, casado, lavrador, residente no Núcleo Alfredo Chaves, desta Capital, para que possa gozar de todos os direitos, honras e prerrogativas, que pela Constituição e mais leis do Império competem aos cidadãos brasileiros naturalizados. Passada no Palácio da Presidência do Paraná, em 8/10/1889, 68º da Independência e do Império. Joaquim José Alves. Para V.Exª ver, Manoel Antonio de Souza a fez. Por despacho de 8/10/1889. B. Carneiro de Mendonça, secretário” (Códice n.827 – A.P., folha 170 do L.877, Correspondência Oficial da Província)[8].

Vila de Colombo

Um ato político importante foi a instalação da Vila de Colombo em 1890, isto é, quando a colônia de imigrantes italianos se transforma em município.

Então, em 05/02/1890 Pedro (Cavazzin) e José (Cavasin) - pai e filho - assinaram a ata de Instalação da Vila de Colombo (percebe-se que novamente assinavam as atas com sobrenomes de grafias diferentes). O interessante é de que dos 57 presentes que assinaram a ata de Instalação, apenas 13 eram descendentes de imigrantes.

A questão da grafia do sobrenome é intrigante, pois os Cavassin assinavam de forma diferente seu sobrenome, mesmo pai e filho e parentes próximos, como estamos vendo nos documentos que eles vêm assinando.

A vida política e religiosa de José Cavassin

Em 18/02/1894 José Cavassin é nomeado Juiz Distrital, durante a Revolução Federalista. A partir deste ano começa uma vida pública mais intensa.

Em 18/01/1896 José Cavassin foi um dos seis membros imigrantes da comissão de construção da Igreja Matriz de Colombo designada por Padre Francisco Bonato.

Entre 1900 a 1904 José Cavassin foi suplente no cargo de Camarista (vereador); E se tornou Camarista em 1908, sendo novamente eleito entre 1909 a 1913.

Em 20/04/1915 será um dos membros do Conselho da Fábrica da Matriz de Colombo, nomeado pelos padres passionistas.

O auge de sua carreira política foi o cargo público de Prefeito de Colombo para o período de 21/09/1916 a 21/09/1920. Estava com 51 anos.

Teve como Secretário: Faustino André Johnson. Presidente da Câmara: José Leal Fontoura. Camaristas: Ângelo Strapasson Costa, Antonio André Johnson, Antonio Jorge de Souza, Pedro Victoriano Ribeiro e Pedro Celestino da Silva. O fato mais importante desse período foi a criação do Termo de Colombo, instituído por lei, no dia 07/04/1917, pelo governador do Paraná Dr. Affonso Alves de Camargo. Com a Criação do Termo de Colombo em 1917, este passou a envolver os municípios de Colombo, Rio Branco, Campina Grande e Bocaiúva. Neste período foram nomeados para o cargo de juiz municipal do termo de Colombo Cel. José Leal Fontoura, João Alves Cordeiro e José Benjamim Costacurta e Adjunto de Promotor do Termo: Eduardo Ferreira Guimarães[9].

José Cavassin teve uma ligação profunda e intensa com a vida política e ao mesmo tempo sua participação na vida religiosa católica. Sua profissão foi agricultor, assim como todos os primeiros imigrantes italianos em Colombo.

Os casamentos de José Cavassin

Como visto, o primeiro casamento de José Cavassin foi com Maria Nodari, no dia 19 de agosto de 1884, na Capela de Ribeirão da Onça, sendo testemunhas João Torin e Francisco Benato, vigáio José Joaquim do Prado. Tiveram 14 filhos: Antonio, Luiz, Plácido – Nenê, Pedro, Polônia, Cira – Irmã Escolástica, Rosa, João (nasc. 22/06/1907 - ver biografia abaixo), Angelina, e Brasílio.

Maria Nodari faleceu em 7 de julho de 1921 em Colombo.

José Cavassin (com mais de 56 anos) casa novamente com Judite Cavalli (também viúva e com filhos); deste casamento teve mais dois filhos, Leandro e Alberto (Berto). A esposa Judite faleceu oito dias depois do nascimento de Alberto, no ano de 1927.

José Cavassin (com mais de 60 anos) casou-se novamente com Francisca Ribeiro, mas não deixou filhos. Conta-se que o Padre de Colombo teria aconselhado para que José não casasse na Igreja. E que a família não teria aceito seu novo casamento, por ela ser negra. Ele enfrenta o preconceito e foi residir na Avenida Graciosa, s/n., em Curitiba, onde acabou falecendo em 03/05/1944 (Certidão de Óbito).

José Cavassin foi sepultado no cemitério de Colombo. Hoje é nome de rua no município de Colombo.

Texto elaborado por Alessandro Cavassin Alves, filho de Sirene Cavassin, Neto de João Cavassin, Bisneto de José Cavassin. A partir dos livros de Sebastião Ferrarini, O município de Colombo (1992) e Colombo, centenário da imigração italiana (1979). Além das Certidões de batismo, casamento e óbito de José Cavassin.

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[1] Site do Arquivo Público do Paraná: http://www.arquivopublico.pr.gov.br – Pesquisa On-line, Registro de Imigrantes.

[2] Lembrança do 1º Encontro da família Cavassin, 125 anos da Imigração (1878 – 2003).

[3] FERRARINI, Sebastião. O município de Colombo. Curitiba: Champagnat, 1992, p. 88.

[4] FERRARINI, op.cit., p.127-131.

[5] FERRARINI, op.cit., p.152-155.

[6] FERRARINI, op.cit., p.226-233.

[7] MASCHIO, Elaine Cátia Falcade. Escolarização Pública e Imigração Italiana. A constituição do ensino elementar das colônias ao município (1882-1912). Jundiaí: Paco Editorial, 2014, p. 42.

[7a] MASCHIO, op. cit., p. 75.

[7b] MASCHIO, op. cit., p. 82-85.

[8] FERRARINI, op.cit., p.141.

[9] FERRARINI, op.cit., p.243-244.

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João Cavassin e Pedrina Giacomitti

João Cavassin nasceu em Colombo no dia 22/06/1907 e faleceu em Itaperuçu no dia 15/06/1998 e Pedrina Giacomitti (Cavassin) nasceu em Campina Grande do Sul no dia 29/06/1907 e faleceu em Itaperuçu no dia 14/02/2003.

João Cavassin e Pedrina Giacomitti

uma família que escolheu Itaperuçu para viver a partir do ano 1940

João Cavassin e Pedrina Giacomitti nasceram no ano de 1907. Ele, descendente de italianos, nascido em Colombo. Seus pais José Cavassin e Maria Nodari. Ela, também descendente de italianos, nascida em Campina Grande do Sul. Casaram-se no dia 23 de fevereiro de 1928 em Campina Grande do Sul. A família Giacomitti Cavassin morou em Campina Grande do Sul e depois em Colombo até o ano de 1940 quando vieram para Itaperuçu e se estabeleceram no bairro Mossungue, comprando terrenos do pai de Bento Chimeli, sr. Leleto Chimeli (nesta época Itaperuçu pertencia ao município de Rio Branco do Sul).

Buscavam em Itaperuçu um lugar melhor para se viver. Itaperuçu era um povoado pequeno, com agricultores e funcionários de empresa de cal e madeireiras. O casal já possuía 5 filhos ao chegarem nestas terras. Mais 5 filhos nasceram em Itaperuçu. Eram todos lavradores.

Suas principais atividades eram o trabalho com a bracatinga (vendida aos fornos de cal), produção de fumo em corda, plantavam milho, feijão, abóbora e tinham plantações de frutas, entre elas a uva, da qual faziam vinho para consumo próprio e para vender. Também criavam animais como porcos, galinhas, vacas e cavalos.

Moedor de erva mate movido por cavalo

Outra produção importante era a erva mate, para o chimarrão, inclusive João e Pedrina tinham uma pequena empresa na qual realizam todo o processo de fabricação da erva mate, que vai da extração das folhas nas árvores, secagem das folhas, passava para o processo de moagem (foto), feita a cavalo e Barbaquá, até o processo de venda, na qual era levada aos comércios locais e inclusive a Curitiba e região.

A carroça e o trem eram seus principais meios de transporte até comprarem uma Rural na década de sessenta, dirigida pela filha mais nova, Sirene Cavassin.

Família católica, ajudaram a construir a atual Matriz de São Pedro Apóstolo terminada em 1958.  E acolhiam os Freis Capuchinhos em sua residência, até que a Casa Paroquial de Itaperuçu ficou pronta em 1975.

Em 1978 completaram 50 anos de casamento, em 1988, 60 anos, em 1993, 65 anos e em 1998, 70 anos de casados. Em todas essas celebrações a Missa foi celebrada pelo Arcebispo de Curitiba Dom Pedro Fedalto, reunindo sempre todos os seus dez filhos, genros, noras, netos e bisnetos e demais parentes.

Filhos que moram hoje em Curitiba: Maria Elisa, Hilda, Ana Elza, Egydio, Ítalo, Luiz Antonio e Irene (Irmã Religiosa Apóstola do Sagrado Coração de Jesus) e os que moram em Itaperuçu: Mário, Martins e Sirene.

Texto elaborado por Alessandro Cavassin Alves: Neto de João e Pedrina Giacomitti Cavassin. Bisneto de José Cavassin e Maria Nodari.