sábado, 19 de junho de 2010

Gruta de Itaperuçu

Por Celso Lima:


Já em 1875, esta gruta foi visitada pelo Engº Luis Parigot em companhia do Presidente da Província Dr. Adolpho Lamenha Lins. Em 1885, o Doutor Alfredo D'Escragnolle Taunay, então Presidente do Paraná, visitou a gruta de Tapirussú, em companhia de cerca de trinta pessoas. Dessa visita registrou em diário o seguinte:


"Foi a 10 de dezembro de 1885 que visitei essa gruta ainda mal conhecida e imperfeitamente explorada e sita no município de Votuverava umas 61/2 léguas de Curityba a rumo N. e N.E. É larga a entrada e dá em rampa, a cuja base corre com estrépito e por entre grossas pedras soltas um riacho de águas sobremaneiras frias e claras. Desde logo se faz completa escuridão. Accesos archotes e velas, vê-se uma abóbada irregular e a distillar humildade, toda revestida de alvíssima camada calcária. O visitante, pulando com alguns riscos, de pedra em pedra, já se abaixando e quase de cócoras, já se agarrando a proeminências escabrosas, algumas até cortantes, a subir sempre e deixando à direita e à esquerda galerias, chega ao segundo pavimento e penetra em sala não muito espaçosa mas em que o agrupamento concrecionário e a disposição das stalactites, sobretudo, são em extremo notáveis, figurando vários objetos e marmofactos, que a imaginaçaão popular foi denominado por aproximações mais ou menos exactas e felizes e que a luz artificial reveste de inúmeros pontos scintillantes do mais bello effeito scênico. Na visita que fiz a Gruta de Tapirussú, acompanhado de umas vinte e cinco a trinta pessoas, ninguém passou além, mesmo porque um dos cavalleiros da comitiva, buscando caminhar sem vela e mais depressa do que convinha, escorregou e cahio em uma espécie de sumidouro de talvez quatro metros de altura. Felizmente não perdeu o sangue frio; foi-se amparando com as mãos, agarrando-se às pontas das stalactites que pôde alcançar e só se magoou nas costas, isso mesmo levemente. Foi parar, mais rapidamenete do que desejava, à sala debaixo e rolou ao lado do Dr. Ermelino de Leão, que preocupado só com o exame que estava fazendo de umas concreções, lhe disse distrahidamente; "Já sei que me traz o martelo. "- Qual martelo, qual nada. O diabo leve a gruta, martelo e vocês todos". Bradou o outro a soltar engraçados gemidos de dor e maldições."


Fonte: Chorografia do Paraná - Prof. Sebastião Paraná - 1888



Por Alessandro Cavassin Alves


No livro de Nestor Vitor, A TERRA DO FUTURO (Impressões do Paraná). Organização Cassiana Lacerda Caroldo. Farol do Saber, Curitiba, 1996. Publicado originalmente em 1912, no item sobre as belezas naturais do Paraná, destaca a gruta de Tapiruçu. GRUTA DE TAPIRUÇU – “nos bancos calcários que jazem entre o norte e o nordeste de Curitiba, a seis léguas da estrada de rodagem do Assungui. Desde o chamada Vestíbulo, - um pequeno compartimento frouxamente alumiado por tênue réstia de luz puxando a verde, já é muito interessante. O Dr. Monteiro Tourinho, descrevendo a gruta, diz que as particularidades arquitetônicas desta parte da mesma fazem imaginar-se a capela gótica de um mosteiro, quanto, a horas mortas, prestam-se os derradeiros sufrágios a alguns monges. Por escabrosa viela, inçada de agudas estalagmites, passa-se do Vestíbulo para o Salão. Este é uma sala abobada, que sustentam grossas pilastras translúcidas como alabastro, o que a torna semelhante às salas do rés do chão nos antigos castelos feudais. Num canto mana a Fonte Misteriosa, de águas puras e cristalinas. Daí, por uma abertura circular, tem-se passagem par o segundo pavimento da gruta. O caminho é íngreme e tão baixo que só rastros de pode atravessa-lo. Chega-se à Nave. Nesta diz o mesmo Dr. Tourinho que se fica sob o pleno domínio da arquitetura ogival: arrojamento de arcadas, na maneira que caracteriza aquele estilo, e de colunatas em que predominam as linhas verticais sobre as horizontais, severidade de formas, profusão e suntuosidade de ornatos, e esculturas que parecem simbólicas. Aqui como que se eleva um altar, ali nichos com imagens, acolá um púlpito e mais além um grande órgão de tubos prateados. Ao sair da Nave, topa-se uma enorme estalagmite com a figura de um monstro atediluviano; mais adiante, as luzes que se levam projetando-se as estalagmites, produzem surpreendentes efeitos ilusionistas: dá-se outro passo, transformam-se os frades em sátiros; chega-se mais perto e só se vê um incongruente acervo de rochas e toscas saliências tronco-cônicas e cilíndricas. Segundo o Visconde de Taunay, que visitou esta gruta de Tapiruçu, ainda há nela um terceiro pavimento; mas tão empinada é a rampa, as paredes tão juntas e apertadas, o teto tão forrado de agudas pontas e agulhas, sendo além do mais tão resvaladio o solo, que raros se arriscam à perigosa tentativa, muito embora, conforme se diz, essa última sala, a que se chega depois de certa subida, seja ainda mais curiosa e bela do que todas as outras”. (pág. 242-243).



E ainda,uma referência a gruta de Taperussu por Joaquim José Carvalho em 1908:


“Se a Grécia zela a sua Antiparos, se a Bélgica encanta-se com a sua Han-sur-Lesse, se a França deleita-se com a das Moças e a de Osselle, se os Estados Unidos afamam-se com a Mammouth no Kentucky e a de Alabastro na Califórnia nenhuma dessas excede as prodigiosas fabricas, os rememoráveis encantos da nossa Taperussú no Paraná, da do Inferno em Mato Grosso, e da Isabel, no município de Bananal, ao norte do Estado de S. Paulo (...)” (p.4). “Nos bancos calcareos disseminados pelo nordeste de Curitiba, entre muitas e notáveis grutas de estalactites, nota-se a já referida de Taperussú pelo ilustre engenheiro Luis Parigot visitada, descrita e desenhada em 1875, há 32 anos quase, sem contudo ficar nem ter sido até hoje inteira e completamente explorada, (...)” (p.5). In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XII, 1907 São Paulo, Typ. Do diário oficial, 1908. . A Gruta Isabel. Pelo sr. dr. Joaquim José de Carvalho.